MARCA.demulheres é um espaço que apresenta caminhos de cuidado que integram corpo, mente e espírito, não como fórmulas prontas, mas como convites a se conhecer, acolher e valorizar nossa história.

 

Rita Vidal, criadora da marca ILHA, une joias e experiências aromáticas ao bem-estar. Os aromas têm poder de resgatar memórias, integrar corpo, mente e emoções, além de promover presença e equilíbrio no dia a dia. Escolher óleos essenciais com atenção fortalece a conexão pessoal e transforma rituais em momentos de autocuidado.

Neste vídeo, Rita conta um pouco do seu trabalho e como a experiência olfativa pode transformar a presença. 

 

1. Quem é você e como é o seu trabalho?

Meu nome é Rita Vidal e nos últimos sete anos tenho criado a ILHA, uma marca de joias, objetos e experiências aromáticas onde busco aliar o design às práticas de bem-estar no cotidiano. É onde entra o aroma, como um caminho de nutrição e resgate emocional, para trazer o extraordinário ao dia-a-dia.

 

2. Como você enxerga a relação entre os aromas e as memórias do corpo? Como o uso dos aromas pode ajudar a ressignificar emoções ou experiências que ficaram marcadas no corpo?

Nosso sistema olfatório é uma máquina bem complexa no registro de memórias autobiográficas, o cheiro muitas vezes é o que localiza nosso corpo dentro de uma experiência, e responde a isso. Tanto pelas memórias e projeções mentais e emocionais, quanto pela resposta no sistema nervoso autônomo, onde o corpo responde pelo bem-estar ou mal-estar a partir de um cheiro, como relaxamento ou taquicardia em contraponto. 

É comum que encontremos em nossa vida aromas que relacionamos a determinados períodos de nossa vida, sem conseguirmos determinar exatamente ao que aquele cheiro remete. Isso porque seu corpo respondeu com a sensação ou emoção, mas não necessariamente consegue codificar em memória objetiva. E isso deve ser sempre observado quando tratamos de aromas, sendo eles óleos essenciais ou até mesmo perfumes, cheiro de comida, etc. 

Um aroma nos leva a manifestar tanto o bem-estar e memórias felizes quanto o mal estar, em respostas de desagrado a certos aromas conhecidos como "bons” que podem ter marcado algum momento traumático em sua vida ou até mesmo memórias anteriores a você, gravadas epigeneticamente como gatilhos em nossos corpos. Também nosso sistema fisiológico responde a um aroma que pode nos fazer mal, tanto fisicamente como emocionalmente. 

 Há linhas da aromaterapia que trabalham com o desbloqueio desse trauma pela insistência desse aroma por determinado período com acompanhamento terapêutico. Em meu trabalho, que não considero terapêutico, mas sim uma ferramenta de atenção e bem-estar olho pelo lado inverso: Fortalecer a pessoa que sofre para que ela consiga enfrentar seus atravessamentos ao longo da vida. Para mim, a escolha do aroma a ser colocado em um colar, ou em difusor, deve sempre obedecer à valência positiva. 

 

3. Você acredita que os aromas podem contribuir para integrar corpo, mente e emoções? Como os aromas podem nos conduzir a um estado de presença?

Parar e respirar, prestando a atenção no ar que entra e sai do corpo é por si só um exercício de presença e, aliar esse exercício a um aroma, é mais um ponto de atenção, além de alterar nossos estados físicos e estar imbuído de significante.

Se pensarmos que o sistema olfatório é um regulador da homeostase, ele é também um contorno do corpo físico. A partir da olfação consciente de determinado aroma podemos sentir vias aéreas se expandindo, ativação cardíaca, a pressão sanguínea se modificando, além de, em alguns casos, partes do corpo se aquecendo ou resfriando. Sensações essas que trabalharão incontestavelmente nossas emoções e estado de presença. 

 

4. Os aromas podem revelar quem somos, ou nos ajudar a lembrar disso?

Sem dúvida, além de ser um resgate eficaz de memórias e sensações, com a escolha de um aroma, em seus rituais diários, você também se lembra das intenções ao longo do dia. 

Dentro de nossas vidas hiper-estimuladas, que nos levam a reatividade boa parte do tempo, os aromas podem nos lembrar de como estávamos quando começamos o dia, quais eram nossas intenções e objetivos antes de atravessamentos, internos e externos, aparecerem. 

 

5. Como você enxerga a interação entre o  corpo-campo (energia individual) e a sociedade, através da experiência olfativa?

Eu realmente acredito que uma pessoa mais conectada consigo mesma transitará melhor dentro da sociedade. Mas seria imprudente garantir transformações sociais significativas a partir disso, no contexto onde estamos. 

 

6. O que você diria para quem deseja começar a se reconectar com o próprio corpo através da experiência olfativa?

Nunca esquecer que o corpo tem as respostas para as escolhas aromáticas e é importante que ouçamos essas respostas. Recomendo muito que ao escolher um óleo essencial, por exemplo para uso em seu colar aromático, separar 3 ou mais vidrinho para sentir, sem ler os rótulos, para que se valorize a conexão real com aquele aroma, ouvindo as sensações trazidas por ele. Assim evitamos que o bombardeio de bulas da internet se sobreponham, também aqui, sobre as nossas próprias experiências. 

Especialmente no campo emocional e mental, a relação afetiva, sensorial e de memória será mais significativa na experiência de bem-estar do que o perfil farmacológico, não só porque a barreira olfativa vai modular a absorção e reação a esses fármacos, mas porque a absorção farmacológica está prevista em um longo período de exposição concentrada de um aroma, várias vezes ao dia por um determinado período de tempo, como tratamento. O que deve ser feito sempre com o acompanhamento terapêutico profissional.

Conheça mais sobre o lindo trabalho da Rita em:
https://ilhabemestar.com/